Fernando Charry Lara

Viajante

A estranheza do lugar embora
o imaginasse. O interminável do instante
e o áspero. A mesa de jantar vasta como o fastio.
Mas aqui, em repouso,
o mudo mantel, o entardecer
junto da sombra
das lembranças no rosto.
Obstinada hora
a encerra, solitário, e ao irmão
que chora em seus pensamentos.
 
Um lugar sempre alheio como o amor, um lento salão
que aos fantasmas da viagem, aos bandos,
aparece subitamente com lâmpadas e memórias.
Conversas, asas, palavras apenas
rumor em torno. Uma colherada
aos lábios com um remorso
e sobre a mesa, imóvel, desconhecida,
a silenciosa brancura de suas mãos.
 
Quisera despertar de entre os mortos
enquanto a hora sordidamente foge.
Pensa enquanto em seu arredor
a mosca do sonho, o jornal,
o volume ardente de uma saia,
não importa
que corpos ou miradas, a tenaz
onda de melancolia também
nos chega,
e em procissões noturnas
os hóspedes não dormem como avançam
com maletas, entre espelhos e brancos uniformes,
sorridentes, solitárias, sonâmbulos,
por trilhas, a pé, alucinados,
ao subterrâneo final dos trens sem ninguém.
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