Ian Pompeo Fassina Voigt

Maia: cova

O progresso se alimenta de carne humana,
Dente de máquina mastiga a massa,
Ave do bico fino,
daquela que Zeus prometeu
ao menino
Prometheu.
 
Todo dia, o tempo-rei,
nosso corpo visita,
com na boca, um sorriso
digno dos reis:
magos
cegos
ocos
Édipos.
 
Édipo rei, o Enigmático,
Fora pendurado no Big Bang ativo,
E Londres recebeu no adeus nativo, Gil,
Que ao vivo viu o rock and roll.
 
Tempo antes de Gilberto,
Protheu recebeu Aristeu, o Apicultor.
Agora abelha forte e fraca,
nasce de ventre de carcaça,
magra que só o osso,
roe, roe,
a carcaça que mata a fome
dos cem mil lobisomens nus.
 
Protheu, o que és tu, o que sou eu?
Você é tudo, e eu sou vulto,
Perto do obscuro Maiakovski,
Rússia nova, bossa russa,
Que na boçalidade do que nasce velho,
morreu de tiro.
 
Mundo tapa, mundo Jó,
Mundo cera, mundo nó,
Mundo Maia, mundo cova,
Mudo Maia partiu só.




Top