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COMISERAÇÃO

Meu coração lateja tanto: eu existo!
Em minha vida há doçura, sutil prazer
De tudo ver acontecer e compreender
Que o tempo é mágico: eu, mui sinistro.
 
Meus ouvidos escutam o tom do silêncio
E meus tímpanos entendem a madrugada
Que rasga as horas até nascer a alvorada
De semblante cósmico e atomístico intenso.
 
Meus olhos veem mares agitados em coma
Salpicados por nichos da poluição medonha
E jogam suas vagas sobre pedras e sonham
Num fim em que o amor evitará o carcoma.
 
Sou esperança perante o devaneio que guia
A certeza de que o amanhã não será utopia!
 
 
DE  Ivan de Oliveira Melo

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