Loading...

À Lady

"Você só me ensinou a te querer e te querendo eu vou tentando me encontrar."

É ela, é ela! É ela, é ela!
 
Quando ela passa, a veste clara esvoaça,
Cegando as ruas, ela se espraia
Que ela fulgura, e funda é a marca
Da sua figura, larga e preclara
 
Traz na fumaça, nas fagulhas, nas centelhas
Qual vasta história, protagonista
De augúrio e glória, como é imensa!
A minha Lady, minha irmãzinha!
 
É ela, é ela! A poetinha!
 
No desencanto da minha história
Enquanto prantava-me ao passarim,
Cruzei caminhos co’ a Ambiciosa;
Prenunciaram-se os bandolins!
 
Rodopiamos, soluçamos, gargalhamos.
A cada dia, um dia infinito.
À orla do eterno, entrelaçamo-nos.
Por que é que a gente foi sempre assim?
 
É ela, é ela! Não acredito!
 
Ela que pena da mesma pena,
Ela que vibra co’as mesmas veias,
Ela que ferve da mesma febre,
Ela que verte viveza e verve!
 
Cantando aos cantos, Melro e Cardial,
Forjamos laços de cumplicidade,
Cruzamos sangue n’alma e na arte,
Flertamos febris com o imortal.
 
É ela, é ela! Ela é a tal.
 
Sou poeta, vivo e amo profundo.
 
Onde o aprendeste? – Pois foi com ela!
 
Cravando as unhas, sugando o sumo.
 
Onde o apanhaste? – Pois foi com ela!
 
Dos sentimentos entorno o suco.
 
Onde o abocaste? – Pois foi com ela!
 
Conheço a porta ao topo do mundo
 
Como o alcançaste? – Sempre com ela!
 
E agora vê-se, vai-se ao Nordeste
Vai lá Carlota ser espetáculo
Deixando a poeira, o riso inconteste,
Sujas as mãos ao final do ato.
 
E sobra o Bardo, longe a Lacônica,
Ante a lonjura escura, antagônica!
Ante o Fadário, mistério pérfido,
Deixo-te em versos o meu anélito
 
E ele sem ela?! E ele sem ela?!
O pobre Bardo! O pobre Melro!
 
De proferir-te o meu De Profundis
Quero impelir-te aos cumes e lumes;
Tu nas alturas, pulsa, pulula!
Sê! Duas letras – a nossa jura!
 
Pulsa!
Sê!
Jura!
 
Que hão de vir anos e nos veremos,
Rugas, ranhuras, mas sempre elã!
Com mil cafunés, eu fazendo-te apelos,
E tu afagando-me as fracas cãs.
 
E se medrar em ti um eco de medo
Beija estes versos que te fiz com zelo.
Amo-te muito e além do mundo,
Poetisa, musa, áspera irmã.
 
(É ela, é ela! É ela, é ela!)
Poetisa, musa, áspera irmã.
Other works by Pietro álamo...



Top