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Euforia, Ironia II

II - Da Passagem da Banda

(Me conta mais deste poema,
Me canta mais esta presença,
Me queima mais a prisca ausência,
Me ateia mais esta inocência.
 
Não me relembra tua demora,
Não me relembra que não voltas.
Só não repara nos meus ais
Ao mencionares que te vais.)
 
Sempre surpresa, sempre apressada,
Esta é a banda, ela toca e ela passa.
 
Estende a mão, ainda esperançoso
Espraia tuas promessas, teus pedidos, teus socorros
Espera que ela volte e sorri ainda um pouco
Repete ainda ébrio para ti mesmo que ela volta, que dá a volta, que há outra volta!
 
E vê ir-se a banda, que toca e que passa.
E vê ir-se a banda, que toca e que passa.
 
Mantém-te em pé, trôpego e torto.
Visando o horizonte, leal, paciencioso.
Assente vagaroso, como a cana que te desce
Crestando em desencanto o peito roto.
 
Lá foi a banda que toca e que passa.
Lá foi a banda que toca e que passa.
 
E volta a escavar o pavimento.
E volta a extorquir os lampies.
E volta ao teu posto na vacância.
E volta ao teu posto na folia,
Na boemia,
Na esquina
(Maldita).
 
E volta, esquece a rima,
A métrica, o poema, sorve o sumo
Da vacância, da saudade, sorve e volta.
Só tu, volta, e tudo volta.
 
É a banda que toca e que passa.
É a banda, ela toca e ela passa.

05.02.17

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