Loading...

Soliébrie

No silêncio, em soliébrie
Ele é pequenino rato
Errando familiares arestas,
Acanhado, encalistrado,
Mofino e esquivo.
Corrote, corrote.
Algum biscoito,
Farelo acaso rói.
N’algum romance
Ou prosa se embebe,
Mas farelo.
Ele vive de farelos.
 
A deixar a toca
Espera tudo quieto.
Só na madrugada
Se aventura até os farelos.
Pingue, pingue, engenhos tórpidos
Em sua companhia lástima
Plingue, plingue, estrelas lágrimas
Em sua exuberância d’óbolos.
Estrelas sórdidas, frias estrelas;
Mil farelos de presença.
 
Nheque, nheque, a rede puída
Nina a mente roída.
Estro podre, torto estro,
Troncho a teimar, mofino e esquivo.
Teque, teque, as teclas tétricas
Ilustram iluses feéricas.
Que trovejam, trinam, tornam tísico
O rato em busca dos farelos.
 
Entra nesta soliébrie
Algum’alma cheia d’óbolos
Que em farelos o embebe
Então fuma-o, beija-o, bebe-o.
São biscoitos, são farelos;
Ele vive de farelos.
 
À botelha, amiga amarga,
Ele liba e dela bebe.
Assim inerme, pe-se entregue;
Deliquesce em soliébrie:
 
Solitude que o embriaga
No silêncio dos farelos.
 
Nheque, nheque, teque, teque.
 
Ele vive em soliébrie.

02.17

Other works by Pietro álamo...



Top