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"Fiz novos amigos..."

Fiz novos amigos, que ventura!
Içei velas, embrenhei-me à bruma,
Entranhei-me ao breu da selva escura
E atraquei-me-lhes no abrigo e na candura.
 
Fiz novos amigos, quão amenos!
Tempos nós passamos ao Passeio,
Aos concertos, ruas, recitais,
Entornando tantos cânticos cardiais!
 
Fiz novos amigos, quanta agrura!
Sulquei-lhes os seios com as unhas.
Nenhum purga mais minhas lamúrias;
Súplicas perdidas às carcaças
Maculadas por minhas mãos atormentadas.
 
Fiz novos amigos, meus amados!
Perdoem meus dedos ansiados.
Pranto diante o desenredo amargo:
Busco-lhes nos peitos cavocados
Os fantasmas dos que amei demasiado.

09.12.18

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